Todo mundo sabe que as fake news são, hoje, um dos maiores obstáculos para as democracias do planeta.
Países de todos os portes, tamanhos e poderios financeiros estão com muita dificuldade para lidar com as fake news pelo mundo todo.
Nos EUA, há uma enorme polêmica sobre a influência de hackers russos na eleição de 2016. Na Índia, o Facebook já começou a agir ativamente para bloquear notícias falsas para a eleição que terá por lá.
No momento, União Europeia, Japão e vários outros países discutem maneiras de tentar combater esses conteúdos que podem causar um dano enorme às suas democracias.
E, parece, que o perigo mora mais perto do que pensamos.
Segundo uma pesquisa do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, um dos principais vetores de notícias falsas na Internet está no seu celular: o grupo da sua família no WhatsApp.
A pesquisa, que usou um método de estudo similar ao que Israel utilizou em 2014 para rastrear boatos que foram espalhados pelo WhatsApp na época, constatou que quase metade dos 2.520 entrevistados recebeu fake news de diversas formas sobre a morte da veradora Marielle Franco, do PSOL do Rio de Janeiro, há algumas semanas.
As notícias falsas repercurtidas na época diziam que Marielle era ex-esposa de Marcinho VP, traficante do Rio de Janeiro já morto, e não possuem nenhum pingo de verdade.
Porém, o Monitor do Debate Político no Meio Digital conseguiu constatar que um dos principais vertores para a sua disseminação foram justamente os grupos de WhatsApp (o aplicativo de mensagens é o principal disseminador de fake news, seguido pelo Facebook e Twitter).
Segundo os pesquisados no estudo da USP, 51% deles recebeu as notícias falsas de grupos de família no WhatsApp, com 32% recebendo o conteúdo em grupos de amigos, 9% em grupos de trabalho e outros 9% em mensagens diretas.
A razão para esse ambiente frutífero para fake news em grupos de família é que esses grupos são ambientes mais íntimos, onde as pessoas podem compartilhar material especulativo sem que sejam julgadasp or outros. Pelo menos é o que explica Pablo Ortellado, professor de Gestão de Políticas Públicas na USP.
Por isso, vale a pena ficar de olho no que você recebe nos grupos de família no WhatsApp em 2018. É ano de eleição e você não quer ser enganado, não é mesmo?