Se você já assistiu à série britânica Black Mirror deve se lembrar do episódio em que o marido de uma artista morre e ela encomenda um robô que utiliza todas as interações do falecido marido na Internet para criar uma simulação da sua consciência.
Aparentemente, o cenário dessa ficção-científica tem cada vez menos ficção e cada vez mais ciência.
Uma cientista russa chamada Eugenia Kuyda criou um chatbot que faz exatamente isso que o personagem da série é capaz: simula a personalidade de um ente falecido para que as pessoas possam se comunicar com ele.
Eugenia tinha um amigo chamado Roman Mazurenko, que morreu há três meses, em um atropelamento.
Roman era dislexico e escrevia suas mensagens de texto ou em redes sociais com uma ortografia muito peculiar.
Após seu falecimento, Eugenia percebeu que não havia muito que restasse do amigo Roman: o corpo foi cremado, o Instagram deletado e poucos posts no Facebook ou Twitter.
Assim, ela reuniu todas as mensagens de texto e cartas que pode encontrar e construiu um chat bot que traduzisse a personalidade de Roman, trazendo suas características linguísticas, personalidade, humor e muitos outros traços.
O resultado final foi extremamente aprovado por amigos e familiares:
"Havia muita coisa que eu não sabia sobre meu filho. Mas agora que eu posso ler o que ele pensava sobre assuntos diferentes, eu estou começando a conhecê-lo mais. Isso dá a ilusão de que ele está aqui agora", afirmou sua mãe, antes de adicionar com lágrimas em seus olhos: "Quero repetir que sou muito agradecida por essa ferramenta".
Antes de criar esse chatbot, disponível no aplicativo Luka, Eugenia pensou em criar um tipo diferente de memorial.
Em 2015, ela se inscreveu par auma bolsa de estudos e pesquisas propondo um novo tipo de cemitério, chamado Taiga.
A ideia era enterrar corpos em cápsulas que seriam biodegradáveis e que fertilizariam as árvores plantadas acima deles, criando "florestas memoriais". Informações sobre o falecido seriam exibidas em cima de cada árvore do local.
O projeto não foi aceito e Eugenia acabou indo para a área dos chatbots, o que permitiu que ela desenvolvesse esse aplicativo baseado em seu amigo.