A Netflix lançou nessa semana uma inédita temporada de Black Mirror, uma série britânica de grande sucesso. E, aparentemente, o governo chinês já quer transformar um episódio de Black Mirror para a vida real.
Para quem não conhece, Black Mirror é uma antologia de contos que explora os efeitos da tecnologia na vida humana. Ou seja: explora como a nossa humanidade é expressa através e moldada pela tecnologia da nossa vida.
São vários episódios que exploram esse tipo de temática. Em um deles, por exemplo, um personagem morre e suas contas em redes sociais são usadas como molde para a criação de uma inteligência artificial com o objetivo de revivê-lo.
Na mais nova temporada, o episódio de Black Mirror chamado "Nosedivers" retrata uma sociedade onde basicamente todas as interações são "avaliadas" pelas pessoas.
Se você vai comprar café, por exemplo, e a atendente lhe tratou mal, é só dar 1 estrela (de um máximo de cinco) como "punição". Assim, quem tem uma média maior possui mais vantagens e é mais importante na sociedade do que quem tem uma média menor.
Esse sistema logo se revela uma distopia que minimiza o verdadeiro valor das interações humanas e da liberdade de pensamento e se transforma numa ditadura da agradabilidade, em troca de uma avaliação positiva.
E, aparentemente, é o que o governo chinês quer implementar na China.
Segundo relato do The Independent, o país está estudando a implementação de um sistema parecido com o do episódio. Confira:
"O objetivo é coletar cada pedaço de informação disponível sobre as empresas da China e seus cidadãos em um único lugar - e então assinalar a cada um uma nota baseada em suas ideologias políticas, comerciais, sociais e crédito legal.
O governo não anunciou exatamente como o plano vai funcionar - por exemplo, como as notas serão computadas e como notas de qualidades diferentes serão contabilizadas. Mas a ideia é que bom comportamento será recompensado e mau comportamento será punido, com o Partido Comunista agindo como juiz supremo. Isso é o que a China chamará de "Internet Extra", mas críticos chamam de um estado policial do Século 21.
Com o poder da big data e a onipresença dos smartphones, e-commerce e redes sociais numa sociedade onde mais de 700 milhões de pessoas vivem grande parte da vida online, o plano também vai abranger a corte, a polícia, os bancos, impostos e registros de emprego. Médicos, professores, políticos e empresários poderiam ser adicionalmente avaliados por cidadãos pelo profissionalismo e integridade”.
E aí, parece assustador o suficiente?