A França anunciou hoje a inauguração da primeira rodovia mundial feita de painéis solares. O objetivo do governo francês é testar a tecnologia e ver se ela é viável para aplicação em toda a malha rodoviária do país, analisar os custos de manutenção e ver se é possível conquistar mais energia elétrica limpa através dessa tecnologia.
A estrada com os painéis foi instalada perto do vilarejo de Normandia, com cerca de 3.400 habitantes, e a energia gerada através da estrada com painéis solares será utilizada inicialmente apenas para gerar energia o suficiente para abastecer a rede de iluminação pública da região.
Ao todo, foram instalados painéis para cobrir cerca de 1 quilômetro da estrada próxima de Normandia e o custo desse projeto foi de 5 milhões de euros (algo como R$ 17 milhões de reais). O período de testes da estrada é de 2 anos, quando cerca de 2 mil motoristas deverão dirigir pela "Wattway" (o nome da estrada) por dia, totalizando um montante de 1 milhão e 460 mil motoristas passando pela estrada nesse período.
A ideia é testar a segurança na estrada com painéis solares, sua durabilidade, resistência e se sua geração de energia será estável. Se o projeto for bem sucedido nesses dois anos, a França investirá pesado para adicionar cada vez mais painéis solares na sua malha rodoviária. Segundo Ségolène Royal, ministra da ecologia da França, o plano é ter 1 quilômetro de painéis solares a cada mil quilômetros de estradas rodoviárias "normais".
Porém, nem tudo são flores nesse projeto ecológico.
Segundo uma matéria do The Guardian, a Holanda fez uma iniciativa parecida em 2014 com suas ciclovias, instalando painéis solares nelas. O painél de 70 metros de extensão dos holandeses gerou incríveis 3.000 kWh, o suficiente para abastecer uma casa de uma família por mais ou menos um ano. Ótimo, não é?
Porém, o projeto custou cerca de 3 milhões de euros (algo como 10 milhões de reais). Com esse dinheiro todo, seria possível "comprar" cerca de 520 mil kWh, o suficiente para abastecer a mesma casa de família por 173 anos.
Logo, o painel teria de funcionar continuamente por 174 anos para começar a representar uma economia para a Holanda. Existem dois motivos que explicam o alto custo por watt desse projeto.
O primeiro é que para que os painéis possam funcionar nas estradas, eles precisam ser cobertos por uma camada fina de resina e folhas de silício. Essa camada aguenta 3.500 quilos de impacto (permitindo que caminhões de carga passem por ela) mas são caras.
Além disso, por estar no chão, esses painéis não conseguem acompanhar direito o movimento do Sol no céu (por modo de dizer, já que somos nós que movemos e não o Sol). Assim, eles geram 30% menos energia do que se tivessem no telhado.
Por isso, são mais caros e geram menos energia que o normal. Porém, ainda assim são alternativas interessantes para um país que busque soluções energéticas menos poluentes.