Enquanto as operadoras brasileiras estão indo na direção de querer limitar o acesso da população à Internet com banda larga limitada através do sistema de franquias, o Canadá anda na contra-mão e acabou de decretar nessa semana que o acesso à banda larga é um "serviço fundamental".
A Comissão de Rádio, Televisão e Telecomunicações do Canadá, a CRTC, órgão do governo responsável pelo desenvolvimento do sistema de comunicações do país, decretou que a internet de banda larga é um serviço fundamental no Canadá e, portanto, terá posicionamento central no desenvolvimento da estrutura comunicativa do país.
Assim, como consequência dessa mudança de visão, a CRTC criou um fundo monetário para construir e fortalecer toda a infraestrutura de banda larga nas áreas mais remotas e rurais do Canadá. Assim, a Internet estável de banda larga estará disponível até mesmo nas regiões de mais difícil alcance para a população.
Esse fundo terá um valor de 750 milhões de dólares canadenses, o que equivale hoje a cerca de R$1,85 bilhão. Um belo valor.
Além disso, a comissão resolveu estabelecer como meta levar conexões de alta velocidade para todo o território canadense. Isso significa que conexões com 50 Mbps de download e 10 Mbps de upload deverão estar disponíveis para todos os cidadãos canadenses, um aumento cerca de 10 vezes maior que a meta anterior da comissão.
Jean-Pierre Blais, presidente da CRTC, disse que as metas são bem ambiciosas e que serão muito difíceis de serem atingidas, mas são essenciais para o desenvolvimento econômico do Canadá. Segundo o executivo, o futuro da economia canadense, da prosperidade e sociedade do Canadá, dependem de que metas ambiciosas sejam estabelecidas para conectar todos os cidadãos canadense no Século 21.
Para conseguir bater essas metas complicadíssimas, a CRTC vai parar de subsidiar certos serviços de voz e telefonia para poder transferir recursos para o desenvolvimento da Internet banda larga. Além do fundo de $750 milhões e desses novos recursos, a agência ainda pretende pegar mais $200 milhões de dólares canadenses (algo como R$ 493 milhões) em impostos das operadoras para reinvestir em infraestrutura.
Blais disse que é possível que as empresas repassem esse imposto extra para os consumidores, mas argumenta que esse valor seria algo como 50 centavos de dólar canadense por mês, o que é um preço que "faz sentido para tornar o Canadá uma economia digital bem competitiva".